Uma das histórias mais incríveis e cinematográficas que existem é a do corpo desaparecido de Eva Perón, nunca antes contada no cinema. “O que me interessa é o símbolo de Evita, não o debate político-partidário”, deixa claro Pablo Agüero, o diretor de Eva no duerme, um filme mais experimental do que mainstream. O título expressa de maneira brilhante o drama de Evita, que não tem permissão para descansar em paz até quase vinte e cinco anos após uma morte prematura de câncer, em 1952, aos 33 anos. A morte foi tão trágica quanto o destino de seu corpo embalsamado, desaparecido por um quarto de século. Depois de anos no exílio europeu, o corpo de Evita voltou para a Argentina e foi enterrado em uma cova tão segura que, aparentemente, poderia resistir a um ataque nuclear, enquanto seu mito e trágica história ainda estão muito presentes. A Argentina, onde, admite Agüero, ainda é a figura política mais poderosa, mas também no resto do mundo. Agüero está muito ciente disso,  mas em vez de contar a história detalhada do sequestro do cadáver e sua jornada, que pode ser muito densa para o público, ele quis nos oferecer algo novo, que nos surpreende.

[...]

Até o momento, o filme de Agüero ganhou vários prêmios, como o Prêmio da seção Filmes em Progresso e o Prêmio Cine + no 27º Festival de Cinema Latino-Americano de Toulouse, o Grand Prix Spadin de 2012 de Melhor Roteiro ou o Prêmio de Desenvolvimento do Festival de Ameins em 2012. No que diz respeito aos telespectadores, no último Festival de San Sebastian gerou opiniões diferentes. É definitivamente um grande filme e corajoso nas suas ambições estéticas e narrativas, um filme surpreendente e inesquecível. Assistir a esse tipo de filme sempre vale a pena.